segunda-feira, 22 de junho de 2009

Pilsen Urquell


Semana passada aconteceu a semana da República Theca na Forneria Melograno do caro Edu Passarelli, os eventos foram divididos em três dias, pude participar apenas no segundo evento, dia 18/06 que contava com duas palestra.


O theco Radim kovacs fazendo um brinde com a Pilsen Urquell

Um dos palestrantes foi Radim Kovacs que tratou sobre o desenvolvimento do mercado cervejeiro na República Theca, aproveitei e perguntei a ele que apesar de todo o contexto histórico que a República Theca tem com a cerveja - criou um dos estilos mais difundidos no mundo, o Pilsen - se as cervejarias não variam, não produzem novos estilos e se este renascimento que está ocorrendo também naquele país, as micros iriam trazer essas novidades. Ele foi bem enfático na resposta ao dizer que o pais, que possui o maior consumo de cerveja per/capita por habitante, é fanático por suas tradicionais Pilsen e as Dark lagers, ele disse que já foi feita tentativa de novas receitas porém não tiveram aceitação, mas só o fato de existir excelente produção de Pilsen com tradição e qualidade, supera qualquer falta de estilos.


O senhor de barba branca ao fundo é o theco Milan Ballik a frente tinha é uma pessoa do consulado theco traduzindo.

Já o outro palestrante, Milan Ballik, falou um pouco da história da cerveja na República Theca, dando detalhes da tradição que perpetua até hoje nas "bodegas", ou os botecos que existem a séculos por lá, uma aula de como a cerveja carrega muita tradição.
Para brindar todo este bate papo rico em informações e conhecimento foram servidas as cervejas: 1745, Starobrno, Primator e Czechvar, e para fechar com chave de outro, foi servido com exclusivade no Brasil a desejada Pilsen Urquell em barril, uma experiência impar e coloco minhas impressões abaixo:


Cerveja: Pilsen Ürquell
Apresentação: Chopp
Tipo: Pilsen
Álcool: 4,8%
Cor: Dourado intenso, limpa, brilhante.
Espuma: Ótima formação, duradoura, formando "redes" no copo.
Aroma: Malte, cereais, pão, leve lúpulo.
Paladar: Ótimo corpo, agradável dulçor no inicio, depois uma dose fina de lúpulo domina o paladar, deixando o final com delicioso amargor, porém é uma cerveja muito equilibrada entre dulçor do malte e amargor do lúpulo.
Comentário: O drinkability desta cerveja é muito alto, nunca uma cerveja como esta deixaria uma pessoa traumatizada pelo "amargor' ou por ser forte, longe disso, ela é discreta porém com personalidade forte. Fica dificil entender porque não produzir uma cerveja como esta, medo da aceitação?

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Ultimo Gole Extra - Imperial Stout da Schornstein

Fachada do Restaurante Magnani em Timbó.

Ontem a cultura cervejeira nacional ganhou mais uma representante. Fui convidado pela Cervejaria Schornstein para o lançamento de seu novo produto, que nasceu de mais uma parceria entre cervejaria e Homebrew, fato que já é uma realidade no Brasil com ótimo resultados, como a Demoiselle (Colorado e Ricardo Rosa), a Dama do Lago (Eisenbahn e Botto), Dado Bier Double Chocolate Stout (Dado Bier, Ricardo Rosa e Mauro Nogueira) e a Joinville Porter (Eisenbahn, Diogo e Ivan), estes são exemplos de como estamos evoluindo na proposta de diferenciação, produtos novos com personalidade.

Sobre o produto, trata-se de uma Imperial Stout, que foi feita através da parceria entre Cervejaria Schornstein e Raphael Tonera de Florianópolis, que já teve ótimas classificações nos concursos nacionais, inclusive com um primeiro lugar ano passado na categoria Belgian Beer do III Concurso Nacional de Cervejas Artesanais da Acerva, esta união já estava sendo estudada a algum tempo, agora após algumas pesquisas lançam oficialmente o produto. Inicialmente será levado a alguns eventos para degustação como a Brasil Brau por exemplo, após esta primeira fase, será então engarrafado com priming e colocado a venda.

O lançamento ocorreu no Restaurante Magnani, na cidade de Timbó, a 35 Km de Blumenau, particularmente não conhecia o restaurante e fiquei surpreendido pela boa opção de pratos e a variada carta de cervejas, tudo isso com preços acessíveis, vale a pena conhecer o local.

Imperial Stout

Sobre a cerveja, trata-se de uma Russian Imperial Stout que levou seis tipos de malte e dois de lúpulo em sua composição, seu teor alcoólico chegou a 8%, com espuma levemente escura, a cor é intensamente escura com notas vermelhas, no aroma apresenta leve dulçor, chocolate, lúpulo e notas de torrefação, o paladar traz ótimo corpo, média carbonatação, agradável dulçor, torrefação, picante, álcool e o final é seco.

Foie Gros com purê de pêra e redução de balsâmico com a Imperial Stout.


Os pratos para harmonizar foram preparados pelo chef Leandro Magnani que foi muito feliz nas escolhas, para entrada foi servido um Foie Gros com purê de pêra e redução de balsâmico, o prato tinha textura leve, perfeitamente temperado, apresentava certa gordura no paladar, a cerveja harmonizou muito bem, pois além de quebrar um pouco a doçura do purê, o álcool aliviava o paladar com as fortes impressões geradas pela harmonização, ao final o paladar ficava limpo, como se toda garfada fosse a primeira.

Coxa de pato em confit com salsa de manga e aroma de curry com a Imperial Stout.


O segundo prato foi Coxa de pato em confit com salsa de manga e aroma de curry, este prato estava sensacional, a carne estava harmoniosamente condimentada, o molho trazia doçura, a cerveja ficou perfeita junto ao prato, a cerveja acrescentou calor ao prato, trazia um leve picante, a pele da coxa estava levemente torrada – crocante – e com a torrefação da cerveja ficou muito bom, a salsa de manga pedia que algo quebrasse seu dulçor e a cerveja fazia isto muito bem, o prato parece que deixou a cerveja com características mais amargas e torradas, muito bom.

Semifredo de nutella com coco e a Imperial Stout.


O terceiro prato foi Semifredo de nutella com coco, neste prato a cerveja acabou se sobressaindo um pouco, não muito, a textura do prato casou bem com a cerveja, e ambos continham dulçor, torrado, leve acidez, uma rica experiência.
Mais uma vez a cultura cervejeira no Brasil cresce, com novos produtos e ótimas parcerias entre Cervejeiros Caseiros e Cervejarias




quarta-feira, 10 de junho de 2009

Estamos criando Monstros?

É fato que hoje o brasileiro começou a adquirir conhecimento sobre cerveja, sua história é muita rica, possui muitas características e variados estilos. Antes da compra de pequenas cervejarias pelas grandes cervejarias no passado, como a Serramalte do RS, a Caracu do interior de São Paulo, e até mesmo hoje estas aquisições “estratégicas” criaram um mercado sonolento, pouca coisa acontecendo e as indústrias com pouca preocupação em inovar.
Porém a responsabilidade deste mercado atual não é somente das indústrias, o consumidor brasileiro também “dormiu” na onda das aquisições, falo do grande público consumidor que se tornou um “gigante adormecido”.


O mercado saiu da sonolência com as inovadoras micro cervejarias que apareceram, a onda da cerveja artesanal invadiu os lares de todo o Brasil e o gigante adormecido também acordou, o interesse pelo público aumentou, foram surgindo cada vez mais produtos, algum mais populares entretanto com maior personalidade frente as sonolentas cervejas dispostas nos mercados e nisto o público começou a se interessar mais sobre o liquido, descobriu que existe diferença nas produções, existem cores diferentes, existem sabores distintos.


Com o despertar deste gigante adormecido surgiu um novo mercado, porém quase não se tinha informação sobre cervejas, as poucas informações que “surgiam” geralmente não eram 100% corretas e mesmo assim este novo público cervejeiro ficou “sofisticado”, quantas vezes se ouviu falar que estavam regando a planta com a cerveja que bebiam a três meses atrás, a partir daquele momento tudo que não fosse daquele padrão para cima era ruim.


É fato que nosso paladar fica mais apurado conforme vamos aprendendo e degustando novos produtos, vou citar um exemplo: determinada micro cervejaria brasileira que produz ótimas cervejas, inclusive com conquistas de medalhas em competições internacionais, é analisada com freqüência pelo paladar apurado destes novos “experts” no assunto, que constantemente afirmam veemente que o produto mudou e que nunca mais foi o mesmo.
Òbvio que não irei colocar minha mão no fogo por ninguém, mas o fato é que não podemos esquecer nossa evolução, nosso paladar fica apurado, o que foi novidade em paladar na primeira vez que tomou o produto X pode não ser mais depois da sétima ou oitava vez, pode ser menos intensa, então temos a impressão que aquela sensação hipnotizante da primeira vez não existe mais porque mudou a receita, mas na verdade o paladar evoluiu e começou a se acostumar com boas cervejas, outro ponto é que duas cervejas do mesmo estilo podem ser muito diferentes uma da outra e não que isso seja ruim, claro que não, porém não é produtivo falar que uma é boa outra é ruim, cada uma tem sua particularidade.


O paladar de cada um interfere muito neste tipo de avaliação, interferindo no trabalho da cervejaria que após muito tempo de trabalho e pesquisa tem sua marca e seus produtos “queimados” pois os experts afirmam que o produto é ruim, sendo que na realidade não agradou ao gosto pessoal, conseqüentemente saem falando que Cerveja X é uma porcaria.


O interessante é quando acompanhamos a cultura cervejeira de outros países, há um extremo cuidado por parte das pessoas que divulgam a cerveja em fazer comentários construtivos, isto faz com que o mercado evolua de forma consistente, pois quando há um produto fora de padrão, a reclamação é feita diretamente ao fabricante, que geralmente capta estas informações e tenta melhorar seu produto, isso mantém a marca ilesa, o produto muda e melhora graças aos comentários de quem degustou e o mercado tem cada vez melhores opções. Do que adianta apedrejar publicamente determinado produto, queimar uma marca, um trabalho, por mais que este ainda não esteja sendo feito perfeitamente? Muitas empresas fazem questão de ouvir seu consumidor, porque não criamos este hábito com a cerveja?

Hoje é corriqueiro ver o apedrejamento de diversas marcas ou estilos por cervejeiros que saíram da quantidade para qualidade, nós ainda estamos “crescendo” no aprendizado sobre cervejas, não adianta precocemente nos acharmos os donos da razão.

Tenho as palavras do eterno Michael Jackson como referência e não irei cansar de repeti-las que são: “...procuro as qualidades escondidas em todas as cervejas, se julgasse uma cerveja exclusivamente pelos seus defeitos e impressões ruins nunca tomaria a melhor cerveja, e sim a menos pior...”. Porque não tomamos como referência estas palavras, parar de falar mal de cerveja, claro que ninguém deve e nem conseguira gostar de todas, mas deixe claro que o seu paladar pessoal não gostou, tente identificar alguma característica da cerveja que agrade, alguma percepção tem que ser aproveitada seja ela boa ou ruim, nosso caminho com cerveja ainda é longo no Brasil e temos que cada vez mais aprender a gostar de cerveja.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Workshop em Joinville da Acerva Catarinense

Neste ultimo final de semana ocorreu na Cidadela Cultural Antarctiva o Workshop Produção de Cerveja Artesanal na cidade de Joinville em Santa Catarina.

Mais um vez os organizadores Rubens e Selvino deram show, estava tudo perfeito, os participantes ao chegar se dirigiam até a recepção, ali era feita a confirmação da inscrição, recebiam crachá e uma sacola personalizada feita exclusivamente para o Workshop, na sacola tinha: apostila sobre a produção, uma camiseta do evento, folder da Brasil Ways com os produtos, folder dos produtos da WE além de outros materiais. A Brasil Ways, assim como a WE outra vez apóiam mais um evento cervejeiro, organizado pela Acerva Catarinense.
Foi a WE que gentilmente cedeu os insumos da batelada que foi produzida durante o curso e também da cerveja feita antes do concurso para ser degustada pelos participantes, pois a mesma receita que estava sendo produzida foi servida para que os participantes degustarem.
Na realidade a participação de todos os apoiadores: Opa Bier, WE Consultoria, Brasil Ways, MasterBraü e o município de Joinville foram fundamentais para o sucesso do evento, agradecemos desde já em acreditar nesta cultura que irá trazer ainda mais alegrias e boas cervejas a todos.

O evento como programado começou às 10:00 com a palestra do Ivan e Diogo da Gräbenwasser, eles falaram sobre todo o processo de preparo da cerveja, em outro local da “antiga” fábrica da Antarctica estava palestrando o Cláudio Zastrow, mestre cervejeiro da Cervejaria Schornstein, falava sobre os estilos que irão concorrer no próximo Concurso Nacional da Acerva em Outubro no RJ, nesta palestra participaram os mais experientes, ou seja, aqueles que já produzem a algum tempo, foi uma ótima troca de informações, experiências e conhecimentos mais aprofundados, muitos puderam discutir os detalhes de suas criações junto aos mestres-cervejeiros profissionais que estavam presentes, além do Cláudio, assistiu e participou da palestra o Werner Emmel, profissional formado em Weihenstephan, proprietário da WE Consultoria, esta palestra acabou virando um grande bate papo, muito rico em informações.


Logo após eu fiz a palestra: " A exploração e o consumo de cervejas especiais: despertando novos sabores e sensações“ para o pessoal que estava acompanhando a brassagem, foi muito interessante a conversa, foram abordados alguns temas como escolas cervejeiras mundiais, o cenário cervejeiro no Brasil, principais diferenças de cerveja Artesanal e cerveja Industrial, mercado de cervejas especiais, entretanto o principal ponto abordado foi de sugerir que as pessoas encontrem primeiro características interessante nas cervejas e não defeitos, vejo que muitas pessoas que estão aprendendo a degustar cerveja tem reclamado muito sobre vários produtos, a idéia foi em deixar claro que gosto é particular, não adianta falar que Cerveja X é ruim, pois com certeza ela agrada a outros, isso é a idéia para criamos uma cultura cervejeira sadia, foi bem legal a recepetividade de todos, muito obrigado!


Depois tivemos a palestra do cervejeiro da Opa Bier o Elmar, que falou sobre: “O processo de produção cervejeiro: as diferenças e semelhanças entre a microcervejaria e a produção caseira” que trouxe informações muito pertinentes sobre as principais diferenças entre produções (Homebrew x Microcervejaria ).

Durante o dia foi feita uma visitação “externa” as dependências da Cervejaria Antarctica guiada por um dos convidados mais ilustres do dia, o Sr. Curt Zastrow que trabalhou durante 35 anos na fábrica e tem memoráveis lembranças de todas as dependências, explicando cada detalhe da fábrica, uma volta ao passado e que fez pensar o porque do Brasil dispensar tanto sua cultura, edificações históricas caindo aos pedaços, uma grande fábrica de cerveja jogada ao relento, na antiga cozinha da fábrica houve diversos arrombamentos para roubar o cobre das panelas, encanamentos, etc. A visitação teve que ser externa pois algumas dependências ficam fechadas, durante as fortes chuvas no estado muitas partes do telhado desabaram por falta de cuidado, enfim, somente com a aula do Sr. Curt para compensar isso.


Em meio a isto tudo, a degustação das cervejas “testes” da Opa Bier, das cervejas produzidas pelos próprios cervejeiros presentes, foi uma aula de sabores e percepções, e o clima formado entre um local histórico no cenário cervejeiro nacional e a empolgação de todos em divulgar e fazer com que este mercado cresça cada vez mais foi perfeito, a Acerva Catarinense mais uma vez mostra seu potencial e a dedicação de seus membros. No mês de Agosto tem mais, o próximo Workshop será realizado em Florianópolis, com data e local a definir, conforme forem sendo definidos detalhes do evento passaremos mais informações, abaixo alguma fotos do Workshop em Joinville.

A recepção do evento, com barracas cedidas pela Opa Bier, na primeira tinha a venda souvenirs da Opa Bier, já na segunda barraca estavam as cervejas para serem degustadas no evento.


Enquanto o Ivan falava sobre o processo para os participantes, o Diogo ia fazendo o processo junto a panela.




Vista da "rua" principal na fábrica, no prédio maior, aonde há duas chaminés, ficava a cozinha da cervejaria, a outra chaminé de tijolinho a esquerda na foto, era das caldeiras.




Foto tirada pela janela do prédio onde demonstra o descaso com o patrimônio, a cozinha está completamente abandonada, uma pena, pois ela lembra muito as cervejarias européias, algumas ainda utilizam suas antigas cozinhas, outras conservaram e utilizam para museu da cervejaria, acorda município, proteja sua história.



Este humilde blogueiro com o respeitado Curt Zastrow, que durante 35 anos trabalhou na fábrica que foi realizado o evento, hoje ele ainda nos presenteia com sua produções pela Zehn Bier. Podemos dizer que este modesto senhor faz parte da história da cerveja no Brasil.



Outra foto que mostra o descaso com toda a fábrica, a cozinha foi diversas vezes furtada, levaram tudo o que podiam, mas o pior é que estão levando a história da cerveja no Brasil.



A alegria estampanda nos rostos dentro do "Expresso Acerva" que veio de Florianópolis, passou em Blumenau rumo a Joinville, claro que a famosa chopeira estava lá