segunda-feira, 23 de abril de 2007

Entrevista com Gustavo Schmitt


Desta vez vamos viajar lá para Porto Alegre, onde nasce a Cerveja Schmitt, talvez nem todos que acessam o blog tiveram a oportunidade de prova-la ainda, mas com certeza, após saber da existência dela, tentarão conseguir uma, ou quantas forem necessárias. A Schmitt produz cervejas diferentes em uma mercado igual, abaixo Gustavo Schmitt, sócio proprietário e Mestre Cervejeiro, em seu pequeno espaço de tempo livre, cedeu esta entrevista ao oBIERcevando, espero que degustem-a, e que a fonte nunca seque.



oBIERcevando - Quando e como começou a cervejaria?

Gustavo Schmitt - Começou em 2001 como empresa ,oficialmente, mas já fazíamos cerveja desde 1984.


oBIERcevando - Conte-nos um pouco de sua carreira profissional com a cerveja?

GS
- Comecei aos 14 anos fazendo cerveja com uma receita de uma vizinha de origem alemã. Depois fiz o curso de Engenharia Química e entrei em uma multinacional de cerveja, onde fiquei quase 10 anos. Neste meio tempo foram desenvolvidas as cervejas Schmitt e foi também feito um mestrado na área, além de curso de mestre cervejeiro nos Estados Unidos(Chicago) e Canadá.


oBIERcevando - Qual foi a primeira cerveja produzida? E quais tipos são produzidos hoje.

GS
- A primeira foi a Schmitt Honey Ale, uma cerveja Ale com mel fresco adicionado. Infelizmente não consegui autorização para produzi-la no Brasil (devido a legislação). São três tipos produzidos por nós hoje, a Schmitt Ale, a Schmitt Barley Wine e a La Brunette que é uma Stout. Há várias outras para serem lançadas quando houver condições.



oBIERcevando - O que “fermentou” a idéia de produzir uma Barley Wine, estilo tão desconhecido no Brasil, e de difícil preparo, e resumidamente fale de seu preparo.


GS - Nossa idéia foi produzir uma cerveja ultra premium no Brasil. Na escola dos EUA ganhamos como melhor cerveja da turma (ganhamos de Holandeses e Americanos) então porque não produzi-la no Brasil? Dá uma trabalheira danada mas vale a pena. O grande desafio é harmonizar o teor alcoólico com o amargor e manter o fermento vivo até o final da fermentação. A maturação também deve ser bem longa para maximizar o amadurecimento.


oBIERcevando - As cervejas Schmitt são pasteurizadas? Se não, por que?

GS
- Não são pasteurizadas. Fizemos outro processo que substitui este. Aliás são vários mas isto é um know-how que ninguém divide e peleamos muito para ter.


oBIERcevando - A schmitt é uma cervejaria local, ou encontramos ela em outros lugares, além do sul do Brasil?

GS
- A idéia é vender para quem aprecia. Entregamos em qualquer lugar do Brasil, através da loja no site. Estamos com uma cerveja de litro a “Schmitt Big Ale” que fomos obrigados a manter na região de Porto Alegre porque o casco é retornável. Se não fosse venderíamos também para todo o Brasil.



oBIERcevando
- Quais outros tipos você gostaria que a Schmitt produzisse?

GS - Vários estilos Belgas. Mas é impossível ser Master em tudo que se faz. É preciso ter foco e fazer o melhor que possível, nos estilos que possui.



oBIERcevando
- O que acha desta “moda” de cerveja diferenciadas que chegou ao país, será passageira ou veio pra ficar? E o papel da Schmitt neste mercado.


GS - Nossa razão de ser e existir, é produzir cervejas realmente diferenciadas. A moda das especiais veio para ficar, quem viver verá. Espero que a qualidade também permaneça e que vocês continuem ajudando a gente a sobreviver. Falta ainda muita divulgação.





oBIERcevando - A matéria prima (malte, lúpulo) nacional, ou até mesmo aqui da América do Sul, tem concorrido lado a lado com a matéria prima importada, ou o clima, a tradição de fora, continuam fazendo a diferença?

GS
- Lúpulo não há como ser nacional, pois não há produção. Os demais ingredientes são folclore. O que interessa é ter uma especificação para produzir e comprar onde ela é atingida ou atendida. Muitas vezes malte alemão é pior que o nacional, depende de safra, como todo o produto agrícola. As vezes lúpulo Americano é melhor que o Alemão também, depende do ano e da variedade. Por outro lado tudo o que é bom com certeza custa mais.


oBIERcevando
- Pode adiantar alguma novidade da Schmitt?


GS - Vamos fazer a Barley Wine em garrafas de champagne com preço razoável (de espumante), para beber e não ficar olhando. Apesar de ser de estilos, bem diferentes não vai dever nada para Deus, que na minha opinião não vale tudo isso.


oBIERcevando
- O que falta no mercado brasileiro, em termos de fornecedores, para ajudar as micro cervejarias?

GS - Já melhorou bastante, acho que se o dólar se manter baixo já será ótimo, pois vamos poder importar sempre o que há de melhor no mundo.


oBIERcevando
- Como Mestre Cervejeiro, você concorda que a cerveja Pilsen, é um dos estilos mais difíceis de se fazer, por ser uma cerveja “limpa”, fácil de se identificar erros. E por que a Schmitt não produz uma, sendo que é o estilo mais consumido no Brasil?

GS
- Não produzimos apenas por questão de escala de produção e por priorização. Acho que é um nicho já bastante explorado. Concordo que a Pilsen é uma das cervejas mais difíceis de fazer , por isto que não há hoje no mercado uma com mais de 2 meses de idade que não tenha uma porção de defeitos. É uma cerveja também bastante difícil de diferenciar e ter um estilo próprio. Na minha opinião os Tchecos ainda são os mestres neste estilo. Não descartamos a possibilidade de faze-la no futuro.


oBIERcevando
- A ultima pergunta, de praxe, que outra cerveja gostaria de estar tomando agora, uma outra cerveja que você realmente goste além, claro, da Schmitt?


GS - Rochefort 10, mas gosto não se discute, também acho que cada cerveja tem uma ocasião especial.









Mais informações da Cervejaria e Cerveja Schmitt no site http://www.schmittbier.com.br. O oBIERcevando agradece ao Gustavo pela entrevista.





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